quarta-feira, 30 de abril de 2014

Ponto de vista sobre o Pe. Francisco

O autor deste blogue começou a estudar a Beata Alexandrina em meados de 2001; pouco tempo depois, iniciou contactos com o Pe. Francisco.
Ouviu-o muitas vezes a conversar, colaborou com ele, ouviu muitas pessoas a conversar sobre ele, visitou-o em casa.
Ouviu o Pe. Francisco a conversar sobre o Processo Informativo Diocesano, sobre o arcebispo de então (D. Francisco Maria da Silva), sobre o Cónego Molho de Faria, sobre o Pe. Humberto, sobre o Pe. Calovi; ouviu-o a conversar sobre as suas viagens a Itália e ao Brasil, sobre a sua actividade de radioamador e coleccionista, sobre o Boletim de Graças, sobre as obras realizadas na Igreja Paroquial. E ouviu-o ainda sobre outros temas, como a pouca receptividade do clero bracarense à Alexandrina entre o tempo do Processo Informativo Diocesano e a Beatificação, sobre a sua reivindicação de posse face aos escritos da Alexandrina e às obras que sobre ela escreveu o Pe. Mariano Pinho.
Colaborou com ele a ponto de chegarem a planear o relançamento do Boletim de Graças antes da Beatificação, a ponto de, já próximo dela, falar na igreja de Balasar aos bispos do norte de Portugal (de Coimbra para cima, em 26 de Maio de 2003) e aos sacerdotes do arciprestado reunidos em palestra (em 7 de Janeiro de 2004), a ponto de ter integrado, por iniciativa do Pe. Francisco, o Secretariado Executivo da Beatificação e de ter ido a Roma à mesma Beatificação.
Ouviu vários sacerdotes e algumas pessoas de Balasar a falar sobre o Pe. Francisco. Ouviu depois algumas das suas iradas zangas, das suas duras reprimendas, conheceu os seus dois ricos automóveis, então já um pouco velhos. Leu alguns dos seus escritos.
Soube de alguns dos problemas que surgiram entre o Pe. Francisco e o seu sucessor, a quem ele demorou meses a entregar a paróquia. Etc.
E é como resultado desta variada experiência que o autor deste blogue considera que o Pe. Francisco já foi homenageado bem à altura dos seus méritos; que considera que, mais que ele, é preciso homenagear o Pe. Mariano Pinho, o Pe. Humberto Pasquale e outros salesianos, o Dr. Dias de Azevedo, o Pe. Leopoldino, os Signoriles.
Outras pessoas pensam de modo diferente? É comum que assim aconteça.

Em cima, alguns bispos e sacerdotes no adro de Balasar depois de terem ouvido o autor deste blogue em 26 de Maio de 2003; em baixo, alguns dos sacerdotes do arciprestado reunidos em palestra em 7 de Janeiro de 2004 (um dos presentes pelo menos era apenas diácono) que igualmente o ouviram; nesta imagem, o Pe. Francisco estava a dar um esclarecimento, de pé; na de cima devia estar a conversar com o Bispo de Bragança.

Um sacerdote hospitaleiro no funeral da Alexandrina

Possuímos uma cópia encadernada do Boletim de Graças de antes da Beatificação; é de um número dele sem data que vamos transcrever parte dum artigo do Pe. J. Gameiro, saído no jornal Hospitalidade, dos Irmãos Hospitaleiros de São João de Deus de Barcelos. Este sacerdote tinha visitado em vida a Alexandrina e ela merecia-lhe a maior estima. Passemos às suas palavras:
No dia 15 de Outubro li no jornal que no dia 13 falecera em Balasar a célebre Doentinha e que o seu funeral se ia realizar nesse mesmo dia.
Senti desejo de ir, porém, em vez de procurar qualquer condução, entrei no meu gabinete de trabalho, do noviciado, ajoelhei-me e disse:
- Ó Alexandrina, se quiser que vá assistir ao seu funeral, alcance-me transporte.
Estava ainda de joelhos quando ouvi a campainha do noviciado tocar. Levantei-me, desci a escada, abri a porta e encontrei-me com o Rev. Irmão Elias de Almeida, que nessa altura era subdirector da Casa de Saúde, o qual me disse:
- Está lá fora um carro para o conduzir a Balasar.
Fiquei vivamente surpreendido e impressionado com tal coincidência; não pude guardar segredo. Ao chegar junto do automóvel, perguntei à sua proprietária, a Sra. D. Maria Bastos, que só conhecia de nome:
- Minha senhora, porque me fez este oferecimento?
Respondeu que, ao passar em frente da nossa casa, se lembrara que algum irmão quereria ir.
Fui. Nunca vi funeral assim: mais parecia um cortejo triunfal que um préstito fúnebre. Segundo os cálculos, estavam lá para cima de cinco mil pessoas, entre as quais uns 40 sacerdotes.
O povo comprimia-se dentro e fora da igreja paroquial: todos queriam ver e tocar com objectos piedosos aquele corpo franzino e angelical que tanto sofreu como instrumento da bela alma que nada mais ansiou do que dar almas a Deus e Deus às almas.

terça-feira, 29 de abril de 2014

Livros

Consta-nos que ao longo deste ano serão publicados alguns livros sobre a Beata Alexandrina. Vamos aguardar com atenção.
Vimos hoje em Balasar à venda alguns postais com fotografias da Beata.

sábado, 26 de abril de 2014

Os Casais das Igrejas de Balasar no Tombo de 1542


Em 1542, Gresufes estava definitivamente anexada a Balasar e já não possuía independência eclesiástica desde há mais de 100 anos, mas tinha igreja. O abade de Balasar era então Manuel Gonçalves, que residia em Vila do Conde.
O Casal da Igreja de Santa Ovaya de Balasar oferecia condições sensivelmente melhores que o de Gresufes. Neste ainda não havia telha (só colmo a cobrir as casas) nem soalho (o piso das divisões era em terra), no de Balasar, havia telha e havia soalho – mais conforto. Mas tudo rés-do-chão.
Que mundo tão distante do nosso este, do tempo de Camões, que partiu para a Índia em 1553...
A igreja de Balasar era a antepassada daquela em que a Beata Alexandrina foi baptizada.
Título do Casal da Igreja de Santa Ovaya de Balasar
Primeiramente, uma casa sobradada que tem uma sala e duas câmaras e uma cozinha, todas telhadas.
Outra casa telhada que serve de câmara.
Pegado com o cabido da dita igreja, quatro casas térreas telhadas e uma delas colmaça.
Uma casa colmaça em que vive o caseiro.
Um eido com duas cortes.
Mais duas cortes de gado colmaças.
Um pombal pegado com as casas.
Um tapado que levará um quarto de semeadura, que serve de colmeias.
O cabido da igreja era um alpendre na frente dela (como ainda hoje na Senhora das Neves). As várias casas de que se fala, se não eram da residência do pároco, eram anexos agrícolas para o caseiro. O tapado devia ser um quintal.

Título do Casal do Assento de São Salvador de Grisuffe, anexa de Balasar
Uma casa pegada com a eira, em que vive Pêro Gonçalves, colmaça.
Outra casa de adega, outrossim colmaça, em que o dito Pêro Gonçalves soía a viver e pegada com ela outra casa de celeiro, colmaça.
Quatro eidos de gado, colmaços.
Pegado com a eira, uma casa colmaça, que serve de lagar.
E pegado com casas de celeiro, uma latada de arredor com quatro ou cinco macieiras e levará um homem de cava.
Em Gresufes havia a Vinha do Abade e ainda há um campo com esse nome. A vinha era naturalmente de enforcado, com uveiras. Vê-se para que servia o lagar, que ainda existia em 1830.
Título do Casal do Assento de São Salvador de Grisuffe, anexa de Balasar

sexta-feira, 25 de abril de 2014

A Beata Alexandrina, doutora das ciências divinas

Jesus chamou várias vezes "doutora das ciências divinas" à Beata Alexandrina. Não é bem o caso da citação abaixo, mas também não é muito diferente. É bom recordar estes grandes títulos nos dez anos da sua beatificação.

Dezanove séculos são passados que Eu vim ao mundo e trouxe agora a nova redentora escolhida por Mim para relembrar ao mundo o que Cristo sofreu, o que é a dor, o que é o amor e loucura pelas almas.
És a nova redentora que vem salvá-los, és a nova redentora que incendeia na humanidade o amor de Jesus. Nova redentora que será falada enquanto o mundo for mundo.

Minha filhalivro onde estão escritos com dor e sangue, letras de oiro e pedras preciosas todas as ciências divinas – coragem, amada, não temas a tempestade, não temas o estrondo do trovão que traz consigo nuvem que orvalha graças, amor e maná celeste!

quinta-feira, 24 de abril de 2014

A nossa palestra nos jornais da Póvoa

A afluência a uma palestra que decorra à quarta-feira, a partir das 15h00, é compreensivelmente limitada e foi assim na nossa do dia 16 de Abril. Já o eco que a imprensa lhe pode dar é bem maior, havendo apesar de tudo uma diferença enorme entre ouvir a prelecção e ler um resumo dela.
A Voz da Póvoa desta semana noticiou-a na página 11, sob o título “José Ferreira conversou sobre a Beata Alexandrina”, socorrendo-se principalmente do texto colocado no portal municipal. O Mais Semanário foi um pouco mais original, pois deu-se ao cuidado de ouvir o palestrante, servindo-se de palavras dele no título: “Há excelentes ilustrações e poemas da Beata Alexandrina”.
Quer num caso quer noutro, tem-se a impressão que os jornalistas ficaram positivamente surpreendidos com o tema e com o modo como foi abordado.

O Mais Semanário dedicou a Balasar grande espaço, a página dois, com uma entrevista ao Presidente da Junta, a página três, com a notícia sobre a palestra, e ainda a parte superior da página quatro.

sábado, 19 de abril de 2014

Ó amor, como tu és grande e forte!

No Evangelho de São João, já no fim da Última Ceia, Jesus dá um solene mandamento aos seus apóstolos e discípulos: "O que vos mando é que vos ameis uns aos outros". É de amor que a Beata Alexandrina fala no poema abaixo, mas do amor a Jesus.
Santa Páscoa!
Fala, fala, meu coração, 
Diz ao menos nestas linhas quanto desejas amar o teu Jesus!
Fala, fala, coração meu,
Diz ao teu Jesus que só a Ele queres e que só nele queres descansar!
Não canses, não deixes de falar do amor!
O amor que é amor, verdadeiro e puro amor,
Não pode calar-se,
Não pode deixar de manifestar-se,
Tem que falar e provar que ama sempre:
Ama de dia e de noite, ama na dor e na alegria, ama na exaltação
E, se é amor verdadeiramente puro, ama mais ainda quando é humilhado.
Ó amor, como tu és grande e forte!

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Palestra no Arquivo Municipal

Conforme planeado, teve ontem lugar a nossa palestra sobre as ilustrações e a poesia da Beata Alexandrina. A passagem de diapositivos prendeu a atenção dos presentes que no fim puseram algumas questões bem oportunas. Veja aqui.
Em Junho, em data ainda a acertar, esperamos voltar ao Arquivo Municipal para fazer a apresentação do livro Balasarenses.

terça-feira, 15 de abril de 2014

Palestra no Arquivo Municipal

É amanhã, dia 16, pelas 15h00 que vai ter lugar a nossa palestra no Arquivo Municipal da Póvoa de Varzim sobre as produções pictóricas centradas na Beata Alexandrina.

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Canonização do Papa João Paulo II

É já no dia 27 de Abril que ocorrerá a canonização de João Paulo II, o papa que beatificou a Alexandrina.
Gratias agamus Domino Deo nostro! Dêmos graças ao Senhor nosso Deus!

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Há dez anos, no dia 25 de Abril, a Beatificação

A beatificação da Alexandrina ocorreu no dia 25 de Abril de 2004 e foi precedida por uma adequada preparação para a qual foi constituído um secretariado que reuniu lá para uma dezena de vezes e era presidido por D. Antonino Dias, então bispo auxiliar de Braga.
Em Roma, à cerimónia presidiu João Paulo II; com a Alexandrina foram beatificados mais cinco veneráveis. Ela era a mais nova, isto é, aquela que mais rapidamente tinha chegado à beatificação.
Em Balasar os acessos entupiram por completo: só autocarros, calcula-se que fossem lá para 700. Os peregrinos da Alexandrina chegaram a largas dezenas de milhar. A Roma, foram mais de 1000 pessoas. Uma apoteose.
Não é só curioso que a sua beatificação tenha acontecido no dia 25 de Abril, o processo informativo diocesano decorreu entre 1967 e 1973, o período de fermentação das ideias que depois do golpe de estado de Abril de 1974 mereceram tão vasta aceitação.
Que ela nos ajude a ler a história com serenidade, chamando a cada coisa pelo seu verdadeiro nome.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Mais dois casos de crianças nascidas fora do casamento

Insistir muito neste tema das mães solteiras e dos seus filhos, mesmo a propósito do nascimento da Beata Alexandrina, pode distorcer a realidade de a grande percentagem de balasarenses ter nascido em situação perfeitamente de acordo com as leis da Igreja e do Evangelho. Mas estes dois casos tem algo de especial e por isso os registamos aqui.
O primeiro é o da escrava de Manuel Nunes e D. Benta, de quando a escravatura estava a chegar ao fim no país:
Boaventura, filho de Natália, solteira, escrava esta de Manuel Nunes, do lugar da Ponte desta freguesia de Santa Eulália de Balasar, nasceu aos doze dias do mês de Abril do ano de mil setecentos e cinquenta e três e foi baptizado por mim, António da Silva e Sousa, reitor desta igreja de Santa Eulália de Balasar, aos quatro dias do mesmo ano. Foram padrinhos Manuel da Costa, do lugar da Azenha, e Teresa da Costa, mulher de Manuel da Costa, do lugar do Matinho, estando por testemunhas Manuel da Costa, do Matinho, José, criado do Reverendo Reitor, e João, criado do mesmo, e, por assim ser verdade, fiz este termo, que assinei. Era ut supra.
O Reitor António da Silva e Sousa.
O segundo é muito diferente: a mãe estava “desposada” e mais adiante casou com o pai do seu filho.
António, filho de Maria, solteira, do Traganhal, e de Manuel Francisco de Eça, do Casal, com quem está desposada, nasceu aos cinco dias do mês de Novembro de mil setecentos e nove e foi baptizado por mim, João da Silva, reitor desta igreja, aos dez do mesmo mês e ano. Foram padrinhos Manuel António, solteiro, filho de Manuel António, do Casal, e Maria, solteira, filha de Domingos Gonçalves, moleiro, do Casal, todos desta freguesia. E por ser verdade fiz este assento que assinei. Era ut supra.
João da Silva
Estes assentos são do séc. XVIII; de facto no século seguinte os nascimentos de filhos de mãe solteira tornaram-se menos frequentes.