domingo, 30 de setembro de 2012

A Filha do Pescador (Conto de Natal)


                                                                  Pelo P.e Leopoldino

Na imprensa da Póvoa de Varzim do tempo em que o P.e Leopoldino foi pároco de Balasar foram publicados pelo menos doze contos com o título de "Conto do Natal". Um deles traz a assinatura deste sacerdote, os outros ou vêm sem assinatura ou apenas com uma rápida abreviatura ou mesmo com um nome que pensamos ser pseudónimo. Como eles saíram sempre em jornais a que o P.e Leopoldino dava colaboração, como os seus temas são temas queridos dele, como eles têm muitos pontos em comum, pensamos que foi ele que os escreveu todos. Ao que colocamos abaixo, substituímos o título geral de Conto do Natal pelo de "A Filha do Pescador". Cremos que faz algum sentido. E é uma história bem bonita.

Braz, o pescador, vivia numa choupana com a sua filha Maria, único afecto que lhe restava depois da morte da mulher, que perdera cedo. Tendo apenas 12 anos, Maria era para seu pai um bom auxiliar e uma bela companheira. Tratava dos arranjos da casa com zelo e inteligência e ajudava Braz nos seus trabalhos de pesca, remendava as redes e levava à cidade o peixe que ele pescava. Se Maria era uma rapariga boa e interessante, Braz era um dos homens mais valentes e dedicados daquela região. E, nas costas ladeadas de inúmeros rochedos, eram frequentemente batidas por tempestades violentas e muitas vezes tinham sido teatro de acidentes tristes e naufrágios, porque os navios vinham despedaçar-se contra aquelas rochas inóspitas. Um a tarde, Braz entrou em casa com farta pesca: - Ó pai, exclamou alegremente Maria, correndo para ele, foi boa a pesca para logo festejarmos a Noite do Natal.
- Sim, minha filha, foi boa, mas vês aquelas nuvens acolá?
- E depois, pai?
- Olha, se me não engano, vamos ter esta noite uma tempestade tão forte que nem poderemos comer a ceia do Natal. E as palavras do pescador não tardaram a ser confirmadas. A tempestade apareceu e foi tão terrível que causou inúmeros naufrágios. A cabana do pescador, sacudida pelo vento, parecia voar pelos ares! De manhã, serenado o tempo, foram arrojados à praia bocados de madeira, de velas, destroços de toda a espécie e o corpo de um rapaz de 13 a 14 anos, vestido de marinheiro.
Braz ajoelhou junto dele e, auscultando-o, disse: - Está vivo!
O jovem náufrago foi levado para a cabana e, tratado com carinho Braz e sua filha, restabeleceu-se.
- Obrigado, disse ele, dirigindo olhares de agradecimento para os seus benfeitores; salvastes-me a vida, tornarei a ver minha mãe.
O náufrago contou a sua vida. Fazia parte da tripulação de um navio que, surpreendido pela tempestade, fora arremessado de encontro aos rochedos onde se despedaçou; uma parte da tripulação apoderara-se duma chalupa e conseguira chegar a terra; outros caíram no mar; o marinheiro pertencia a este número mas conseguira agarrar-se a uma tábua e sentira-se levado pelas ondas; depois perdera os sentidos e não sabia como chegara à praia… Noite de Natal, noite de alegria para nós, foi de profunda tristeza.
Oito dias esteve Luís, o marinheiro, na cabana do pescador que o tratou com todo o carinho, pelo que ficaram muito afeiçoados uns aos outros. Na hora da despedida, disse Luís: - Eu desejava pagar-vos um dia o que fizestes por mim. Salvastes-me a vida, enchestes-me de mimos. Quem me dera poder provar-vos a minha gratidão!
E depois, tirando do peito uma cruz de oiro que trazia ao pescoço:
- Maria, toma esta cruz, pois nada mais tenho, foi minha mãe que ma pôs ao pescoço para que e protegesse. E colocou-a na mãe de Maria; depois partiu a chorar. O pescador e a filha retomaram a sua vida habitual.
E o tempo foi passando.
Mais tarde, em consequência duma nova tempestade durante a qual Braz expusera a sua vida salvando várias pessoas, foi acometido de doença grave ocasionada pelo excesso de fadiga e resfriamento. E não tornou a levantar-se desde esse dia. Os seus parcos recursos se esgotaram; Maria trabalhava muito para olhar pelo pai mas não conseguindo o bastante, venderam a casa e foram para acidade onde alugaram uma pobre morada.
Passados alguns meses, Braz morreu e Maria viu-se obrigada a vender a cruz de oiro oferecida pelo marinheiro. A donzela tinha 18 anos. Estava só no seu pequenino quarto, quinze dias depois da morte do pai, quando bateram à porta. Era uma senhora desconhecida que a procurava.
- Foi a menina, lhe disse, que vendeu há pouco este objecto? – E mostrava-lhe a cruz de oiro.
- Ah, respondeu Maria, cobrindo-se de lágrimas, a minha pobre cruz! Bem me custou separar-me dela!
A desconhecida pegou-lhe nas mãos:
- Chama-se Maria, não é verdade?
Fale-me de seu pai.
- Como sabe o meu nome, minha senhora? – disse a rapariga admirada; eu não a conheço.
- Mas conheço-a eu, replicou a desconhecida; eu sou a mãe daquele marinheiro a quem a menina e o pai salvaram a vida há 6 anos: abrace-me, minha filha.
E atraiu-a aos seus braços.
- E agora, continuou, que sabe quem eu sou, conte-me as suas desgraças e diga-me porque deixou a sua terra e veio para aqui…
Maria, continuando a chorar, contou-lhe tudo. Neste momento, abriu-se a porta e um jovem oficial de marinha entrou. Apesar dos anos decorridos, Maria reconheceu logo o marinheiro de outrora.
- Maria, disse ele, caminhando  para ela, bendigamos a Providência  que permitiu que eu te encontrasse  graças a esta cruz. Em vão te tinha procurado e a teu pai. Ninguém me sabia dizer o que fora feito de vós. Já tinha perdido a esperança de te tornar a ver quando minha mãe encontrou ontem, num ourives, a cruz que lhe tinhas vendido. Foi assim que conseguimos descobrir o teu paradeiro.
E voltando-se para a mãe, continuou:
- Mãe, peço-lhe para ser sua filha e com esse fim que torne a aceitar a cruz.
Maria, em resposta, lançou-se toda tímida e confundida nos braços da boa senhora.
Pouco tempo depois realizou-se o casamento. Tornaram a comprar a casinha do Braz, aumentaram-na e embelezaram-na e ali fixaram residência com a mãe que jamais os deixou…
A Propaganda, 15/1/1939 (não assinado)

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Bigorna de ferreiro

A expressão “bigorna de ferreiro” ocorre no boletim nº 15 num contexto muito inesperado. Procure-a o leitor. 
No quarto da Alexandrina havia conversas muito divertidas.
Colocamos abaixo todo esse boletim.




terça-feira, 25 de setembro de 2012

O maior elogio?


No êxtase de 28 de Janeiro de 1945 vem um elogio de Jesus à Beata Alexandrina. Embora seja comum Jesus elogiá-la, os termos – poéticos, como sempre - com que dessa vez o faz já não serão tão comuns. Será este o maior elogio que Ele lhe dirigiu?
De notar também as larguíssimas promessas que se contêm nas palavras de Jesus.

Veio depois Jesus, tão cheio de ternura e amor por mim:
- Minha filha, tabernáculo divino, sacrário onde habito, prisão de doçura e amor! Prendi o Meu Coração ao teu, ataram-nos os laços do mais santo amor; prenderam-Me, prenderam-Me os teus laços encantadores, laços brilhantes, laços do mais puro e fino oiro.
Minha esposa, minha esposa, nada há que possa separar-nos, nada há que possa cortar os laços matrimoniais que nos prendem.
Ó minha pomba bela, minha rainha, meu palácio! Rainha do Rei Celeste, palácio da Sua habitação!
Minha filha, vida de amor, língua de louvor, pureza angélica! Por ti o mundo será puro; pela tua língua o mundo Me louvará; pelo teu amor seráfico o mundo Me amará.
Ó pomba, ó bela, ó jardim divino: és tu o jardim, eu o jardineiro!
És jardim de virtudes, de encantos, encantaste o meu Coração.
És e serás sempre o encanto dos pecadores. (…)
- Filhinha, filhinha, heroicidade do mundo, heroicidade sem igual, assim como sem igual é a tua dor, o teu amor! És rica, és poderosa. Preparei em ti um armamento forte, armamento de guerra; não é de armas nem fogo destruidor, é armamento das virtudes mais heróicas, da pureza mais angélica, de amor de Querubins e Serafins.
Preparei em ti o que preparam as nações para combater as guerras. O armamento que em ti depositei não é só para combater Portugal, mas sim o mundo inteiro. Combaterás, minha filha, e vencerás.
Partes para o céu e na terra ficará sempre o armamento divino que em ti guardei, e tu, ó pomba branca, ó pomba angélica, recolheste-o em ti, abraçaste-o sofrendo, abraçaste-o amando.
Tu és, minha esposa amada, um novo evangelho, assim como és a nova redentora!
Novo evangelho, onde está escrita, gravada, bem gravada a vida de Cristo crucificado. Vida de dor, vida de amor, vida de loucura pelas almas, vida de caridade, vida das ciências e doutrinas de Cristo Redentor.
Assemelhei-te a Mim, retratei-te em Mim, ó vítima querida, ó inocente salvadora deste ditoso calvário! Salva-me as almas, põe-nas ao abrigo do manto que por minha bendita Mãe te foi dado.
Coragem, filhinha! Já que tanto te amei, tanto a Mim te assemelhei. E, porque assim a Mim te assemelhei, à semelhança minha és caluniada, perseguida e desprezada.
Nada temas! Dias de sol brilhante e resplendoroso se aproximam, sol que nunca mais se escurecerá, brilho que nunca mais desaparecerá!
A causa é minha, o triunfo é certo. Será esta minha causa destruída, quando destruída para sempre for a minha Igreja, a minha doutrina (isto é, nunca).
Descansa, minha filhinha, descansa em meus divinos braços. Sofres muito? Sofres ao máximo? É o meu divino amor. Alegra-te, são salvas muitas almas. Toma conforto em meu Divino Coração.
Senti-me nos braços de Jesus, por Ele fui muito acariciada. Sentia a ternura do Seu Divino Coração e a compaixão pelos meus sofrimentos. Teve-me em Seus divinos braços por espaço de algumas horas. Fez-me lembrar a mãe que não abandona o seu filhinho quando ele está moribundo. Eu sofria muito, é certo, mas confortada com os miminhos de Jesus e as Suas ternas carícias.
Humilha-me, aterra-me tanta bondade de Jesus para comigo. 

domingo, 23 de setembro de 2012

O Dr. Dias de Azevedo e a Beata Alexandrina


Coloca-se abaixo a parte final de um desdobrável em folha A4 de quando da morte do Dr. Azevedo e que tem inclusive imprimatur. Nele, provavelmente o seu filho sacerdote, o P.e Alberto, fala do papel que o Dr. Dias de Azevedo desempenhou junto da Beata.

sábado, 22 de setembro de 2012

O primeiro número do Boletim de Graças


Dos três homens que mais positivamente marcaram a caminhada da Beata Alexandrina, o P.e Mariano Pinho, o P.e Humberto Pasquale e o Dr. Dias de Azevedo, só este é que não publicou sobre ela qualquer livro. Mas escreveu muito: em vida defendendo-a em jornais e através de correspondência enviada a vários destinatários, depois da morte redigindo durante mais de uma década o Boletim de Graças. Foi obra notável para um pai de 14 filhos.
Ofereceram-nos há tempos uma colecção em fotocópia, completa e encadernada, do Boletim de Graças original, isto é, de antes da Beatificação; de momento, temos connosco (mas não nos pertence) uma segunda colecção em grande parte constituída pelas sucessivas edições originais. Por isso, podemos colocar abaixo as quatro páginas do primeiro número. O visitante clique sobre as imagens para as aumentar, que o boletim merece leitura.



sexta-feira, 21 de setembro de 2012

“Alexandrina Maria da Costa”


Já lemos o belo artigo do psiquiatra Carlos Mota Cardoso sobre a “Alexandrina Maria da Costa”. Corresponde à conferência que proferiu no Centro Regional do Porto da UCP, por iniciativa da Tuitio Fidei, e saiu no n.º 33 da Humanística e Teologia de Junho passado.
O autor não esconde as limitações do seu conhecimento sobre o tema, pois só se apoia no livro do P.e Humberto Alexandrina. Isso tolhe-o, mas não muito, embora qualquer um de nós gostasse que ele tivesse também utilizado, no mínimo, o livro do P.e Mariano Pinho No Calvário de Balasar, disponível em suporte de papel no Apostolado da Oração.
O artigo é mais filosófico (cita várias vezes Karl Jaspers e Merleau-Ponty) que biográfico ou mesmo teológico. Mas, tratando-se de autor de muito saber, trilha um caminho que muitos, de diversas disciplinas, deveriam percorrer: o caminho do estudo rigoroso, objectivo, questionador, capaz de fazer brilhar a gigantesca grandeza da Beata Alexandrina Maria da Costa.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Alexandrina Maria da Costa


Entre os livros que recentemente nos chegaram, veio um que tem a ver com o Processo Informativo Diocesano da Beata Alexandrina e um outro com as diligências romanas do mesmo processo. Colocamos abaixo a imagem da capa de um que até desconhecíamos. O nome dela está lá bem claro, em latim. Já está em português no Decreto das Virtudes Heróicas, ao fundo (a qualidade da imagem da ilustração é muito baixa).

Tanto quanto alcançamos, é abusivo pretender alterar-lhe o nome.

terça-feira, 18 de setembro de 2012

O Milagre da Alexandrina


Há um livrinho escrito por Francis Johnston que conhecíamos de Balasar mas de que não possuíamos exemplar; veio-nos agora um. Intitula-se The Miracle of Alexandrina, “O Milagre da Alexandrina”. Digitalizámo-lo e colocámo-lo em linha, na página das notícias em inglês.
Informaram-nos que um psiquiatra da Faculdade de Teologia do Porto publicou um artigo sobre a Beata Alexandrina. Ansiamos por o ler até por que o autor já escreveu sobre o médico Henrique Gomes de Araújo, o que a observou na Refúgio da Paralisia Infantil, na Foz.

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

Almas Eucarísticas (4)


Minha filha, minha esposa querida, faz que Eu seja amado, consolado e reparado na minha Eucaristia.
Diz em meu nome que todos aqueles que comungarem bem, com sinceridade e humildade, fervor e amor em seis primeiras quintas-feiras seguidas e junto do meu sacrário passarem uma hora de adoração e íntima união comigo, lhes prometo o Céu.
É para honrarem pela Eucaristia as minhas santas Chagas, honrando primeiro a do meu sagrado ombro tão pouco lembrada.
Quem isto fizer, quem às santas Chagas juntar as dores da minha Bendita Mãe, e em nome delas nos pedir graças, quer espirituais, quer corporais, eu lhas prometo, a não ser que sejam de prejuízo à sua alma.
No momento da morte trarei comigo minha Mãe Santíssima para defendê-lo.

domingo, 16 de setembro de 2012

Trajes e usos do tempo dos avós da mãe da Beata Alexandrina


Numa casa particular de Balasar conserva-se um álbum com fotografias das décadas de 1870 e 1880. Não é contudo um álbum particularmente balasarense, rural: não está lá a jovem lavradeira, o carro de bois, a casa agrícola, as actividades da lavoura. Ao contrário, trata-se de retratos quase sempre individuais e de estúdio, de meio urbano, talvez daqueles balasarenses que, singrando, deixaram para trás o ambiente em que se criaram.
Há nele também uma forte componente da emigração para o Brasil; lembra os tempos do realismo e de Eça de Queirós em particular.
Mas paga a pena ver como vestiam as mulheres e os homens e como eles cuidavam do seu cabelo e barba.







As duas senhoras ao cimo devem ser lisboetas, talvez idas de Balasar com maridos brasileiros (que enormes vestidos!)
A terceira, essa estaria mais presa à terra natal, mesmo aparentando ar mais moderno. 
O primeiro rapaz poderia ser então estudante do secundário: apostou no cabelo enquanto aguardava a barba.
O segundo, que deve figurar também na fotografia seguinte, parece ter-se dado ao comércio (reparar nos cabelos e arranjo da barba).
Por fim, um padre que presumimos que era natural de Balasar e se deu ao ensino primário.

sábado, 15 de setembro de 2012

Dezenas de quilos de material informativo sobre a Beata Alexandrina


Chegaram-nos hoje dezenas de quilos de material informativo sobre a Beata Alexandrina; vêm dum monge que, por razões que desconhecemos, decidiu desfazer-se dele. De momento não nos podemos debruçar sobre esse material, mas a seu tempo daremos aqui informação sobre o que puder interessar aos leitores do blogue. Agora andamos às voltas com um álbum balasarense de finais do séc. XIX e um livro do mesmo tempo, no mínimo ambos curiosos.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Libaneses em Balasar


Em 18 do mês passado esteve em Balasar um pequeno grupo de libaneses. Priez pour nous, Pray for us: lê-se no fragmento da página do livro de visitas (da linha em árabe não entendemos nada). 
Que a Beata Alexandrina rogue agora pelo Papa Bento XVI, pelas ameaçadas comunidades católicas do Médio Oriente e por todo o mundo islamita em agitação.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Pequeno Dicionário da Beata Alexandrina e da Santa Cruz


Nós temos vindo a trabalhar, desde há alguns anos, num “Pequeno Dicionário da Beata Alexandrina e da Santa Cruz”. Está ainda muito incompleto e não imaginamos quando o poderemos dar por concluído. Apesar disso, colocámo-lo em linha, pois cremos que já pode ser útil a alguém. Agradecemos a quem nos queira fornecer sugestões no sentido de o melhorar.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Almas eucarísticas (3)


A cruz é redenção, a Eucaristia é amor

Há nos escritos da Beata Alexandrina algumas mensagens que deviam estar escritas em Balasar a letras de ouro. A oração que abaixo se copia é uma delas.

(Fala Jesus:)
- Minha filha, sempre na cruz comigo, sempre comigo na Eucaristia.
A cruz é redenção, a Eucaristia é amor.
Quero, querida filha, que tu fales da cruz, do amor ao sofrimento, porque é dele que vem a salvação.
Fala da Eucaristia, prova do amor infinito: é o alimento das almas.
Diz às almas que Me amam que vivam unidas a Mim durante o seu trabalho.
Nas suas casas, seja de dia seja de noite, ajoelhem-se muitas vezes em espírito e de cabeça inclinada (em espírito) digam:
Jesus,
Eu Vos adoro em todo o lugar onde habitais sacramentado;
Faço-Vos companhia pelos que Vos desprezam,
Amo-vos pelos que não Vos não amam;
Desagravo-Vos pelos que Vos ofendem.
Jesus, vinde ao meu coração!
Estes momentos serão para Mim de grande alegria e consolação.
Que crimes se cometem contra Mim na Eucaristia!
Sou horrivelmente mais ofendido neste sacramento de amor por aquelas almas que se dizem piedosas (…) que pelos grandes pecadores.
Estes cometem grandes sacrilégios pela grande ignorância, enquanto os outros com conhecimento do mal que fazem.
Repara, minha filha; vive a vida da cruz, vive a vida da Eucaristia.
(2/10/48)

terça-feira, 11 de setembro de 2012

“O Crime do Padre Amaro” na biografia da Beata Alexandrina


O P.e Humberto conta um episódio relacionado com a Beata Alexandrina onde se fala d’O Crime do Padre Amaro, de Eça de Queirós. Fá-lo na biografia propriamente dita e volta ao assunto em Cristo Gesù in Alexandrina (páginas 816-7), aqui pelas palavras de Júlio Cerejeira, irmão do Cardeal Cerejeira, que lho contou em carta de 18 de Novembro de 1965.
Sabendo que a Alexandrina tinha o hábito de oferecer parte dos seus sofrimentos pelos sacerdotes, Júlio Cerejeira recomendou-lhe alguns padres.
Posso testemunhar uma graça extraordinária obtida para um deles, o mais distante de Deus por uma vida de pecados e de escândalos. 
O interessado tinha-me confiado que já no seminário o seu livro de orações (?!) era o romance O Crime do Padre Amaro
Viveu muitos anos como missionário nas colónias. Com a chegada da República, passou para as missões laicas. Casou-se lá civilmente com uma senhora e por motivos políticos foi para a Espanha.
Mais tarde voltou e fixou residência no seu distrito fazendo comícios sobre ideias de esquerda e ultimamente de sabor marxista…
Certo dia veio a minha casa e chorando declarou-se arrependido dizendo que, tendo dado escândalo durante toda a sua vida, queria, ao menos nos últimos anos, regressar à Igreja e fazer penitência pelo mal praticado…
Escutei-o comovido e ao mesmo tempo feliz e disse-lhe:
- Beijo neste momento, em espírito, as mãos duma jovem que há muito sofre por si para obter esta graça.
(A Alexandrina tinha dito à minha esposa que oferecia por ele todos os dias uma hora do seu sofrimento).
Logo que ele saiu, fui cheiro de alegria dar a consoladora notícia ao seminário local. Depois disto, ajudado e seguido por todos, separou-se da mulher com que vivia e começou a frequentar a igreja, já que o seu desejo de celebrar Missa (por causa dos precedentes) não era coisa de fácil solução.
Algum tempo depois, foi acometido de grave doença (linfogranulamatose) que o levou a um hospital de Lisboa e em seguida ao hospital distrital; bem preparado, morreu. Deus seja louvado!
Coloca-se aqui esta narrativa na sequência da mensagem anterior que chamava a atenção para os erros contidos em muitas obras literárias. Remetemos o leitor para esta nossa página (veja-se também esta) onde, pelas palavras do próprio Eça de Queirós, fica bastante claro que O Crime do Padre Amaro, escrito num rasgo de instinto, é mais uma obra satânica. Ele abraçou o satanismo na juventude e é possível rastrear-lhe toda uma linhagem de personagens satânicas ao longo da obra. Lembrem-se o Raposão, d’A Relíquia (que chega a dirigir palavras de consolação ao Diabo), o protagonista d’O Mandarim (que, a partir duns versos de Baudelaire, no final da história, arregimenta os leitores para o seu campo de depravado), o destravado, incorrigível Ega d’Os Maias, etc., etc.
Pelas páginas da literatura campeia muita miséria. E alguém faz ver isto à juventude?
Nós fomos uma vez chamado à direcção por escrevermos que Saramago era blasfemo...

sábado, 8 de setembro de 2012

Um sonho de D. Bosco


Num painel da pequena exposição dedicada a S. João Bosco, em Vila do Conde, lia-se este sonho do santo:
Aos 9 anos, D. Bosco teve um sonho que influenciou a sua vida: um grupo de rapazes portava-se mal e ele, colocando-se no meio deles, exigia-lhes que parassem.
Então apareceu um homem de manto branco, irradiando luz, que lhe disse:
- Terás de ganhar estes amigos não com gritos, mas com gentileza e doçura. Começa agora a mostrar que o pecado é feio e a virtude é bela.
Cheio de incertezas e temores – pois D. Bosco era um rapazinho –, veio uma Senhora que lhe mostrou como um campo cheio de animais selvagens se transformava logo num campo de cordeirinhos e disse-lhe:
- Este é o teu campo, é aqui que deves trabalhar.
Torna-te humilde, firme e forte, e o que viste acontecer com estes animais farás com as minhas crianças.
O Senhor era Jesus Cristo e a Senhora, Maria, a Virgem Auxiliadora.
E este sonho é a base da pedagogia salesiana.
Desconhecemos se a Beata Alexandrina conheceu ou não esta narrativa: ambas as hipóteses são aceitáveis. Mas é bem sabido que ela, cooperadora salesiana, se interessava pela juventude. Por altura dos exames, vinham até ela estudantes pedir a sua intercessão.
Nós ensinámos durante perto de quatro três décadas e por isso sabemos como a educação juvenil da escola pública se afasta do cristianismo. Uma pedagogia permissiva torna os jovens arrogantes e irresponsáveis e a escola não busca nenhum antídoto às degradações que eles aprendem na televisão e na Internet. No caso do Português, o ensino secundário apresentava-lhes como de grande valor obras tão cheias de mentiras como o Memorial do Convento, Felizmente Há Luar! ou um poema tão desviado de todo o bom senso como a Mensagem, de Fernando Pessoa. E antes o aluno já tinha ouvido os maiores elogios a um romance de orientação tão decadente como Os Maias. Etc.
Por isso, quisemos dar aqui merecida importância à passagem das Relíquias de D. Bosco por Vila do Conde. Que ele, a Beata Alexandrina e Nossa Senhora Auxiliadora ajudem a juventude a vencer a onda de relativismo, laxismo e materialismo que a escola lança sobre ela.
Bandeira dos cooperadores salesianos na recepção às Relíquias de D. Bosco em Vila do Conde.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Relíquias de D. Bosco em Vila do Conde


Estivemos há pouco na recepção das Relíquias de S. João Bosco em Vila do Conde. Foi um acto sem excessivas formalidades – uma liturgia da palavra, com a respectiva homilia – e que contou com a presença de vários salesianos, entre eles o P.e Provincial, que presidiu, um grande coro e mais lá para uma centenas de fiéis.
Da cúpula da capela-mor pendia um painel vertical com a frase “D. Bosco, sinal do Amor de Deus aos Jovens” e foi disponibilizada variada informação sobre S. João Bosco e os Salesianos. As Relíquias foram colocadas frente à capela do Santíssimo.
Vimos lá a Prof.ª Maria Rita e o Sr. P.e Granja; conversámos com uma jovem sacerdote salesiano que há dias tínhamos conhecido em Balasar; trocámos algumas palavras com o Provincial e com dois jornalistas da Canção Nova; vimos uma bandeira das Cooperadoras Salesianas e vimos ainda o Sr. Arcebispo que chegava para presidir à Eucaristia solene das 19h00.
As Relíquias são constituídas por uma espécie de estátua jacente, com um rosto que é cópia fiel do do santo. No interior, guarda-se um relicário com alguns ossos seus.
Colocam-se a seguir algumas fotografias que tirámos na ocasião.



De cima para baixo:
As Relíquias são conduzidas para a Igreja de S. Clara (também ajudámos a empurrar o pesado trem sobre que se deslocam);
No início da celebração, o Provincial Salesiano incensa as Relíquias;
Aspecto da assembleia;
Nova fotografia das Relíquias: na frente, pode-se ver uma pagela da Beata Alexandrina.
Clique nas fotografias para as ampliar.

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Relíquias de D. Bosco em Vila do Conde


É já amanhã que as relíquias de D. Bosco vão estar por algumas horas em Vila do Conde. Com algum atraso, coloca-se abaixo o programa da recepção.
Veja-se também aqui.

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Almas eucarísticas (2)


Minha filha, Minha filha, luz e estrela eucarística: tu serás para o mundo o que outrora fui Eu e continuo a ser.
Fui Redentor, morri para dar Céu às almas, fiz-Me o alimento das mesmas.
Criei-te para de tal forma te assemelhar a Mim, escolhi-te para vítima, para continuares a Minha obra redentora.
Pus no teu coração o amor a loucura pela Eucaristia.
É por ti, é à luz deste fogo que deixaste atear que muitas almas guiadas por esta estrela por Mim escolhida, levadas pelo teu exemplo se transformarão em almas ardentes, verdadeiramente eucarísticas.
Ai do mundo sem a Eucaristia! Ai do mundo sem as minhas vítimas, sem hóstias comigo continuamente imoladas!
Eu quero, Minha filha, diz que Eu quero um mundo novo, um mundo de pureza, um mundo todo eucarístico.
Diz ao teu Paizinho que sou todo amor para ele, que o fiz hóstia para com ele muitas almas serem hóstias.
Diz-lhe que ele não poderá, nem saberá viver sem sofrimentos. É da dor que nascem as almas eucarísticas, hóstias só por amor imoladas.
Diz-lhe que há um ano lhe disse que o sol brilhava e hoje lhe digo que brilha ainda mais. Quase todos os obstáculos estão removidos para o triunfo da causa do Senhor e para a realização das Suas promessas.
5/1/1952 - Primeiro sábado

sábado, 1 de setembro de 2012

Almas Eucarísticas (1)

Os ensinamentos de Jesus sobre a Eucaristia que se podem ler na obra da Beata Alexandrina não podiam ser menos que sublimes. Pretendemos dar aqui uma amostra deles. Começamos por este excerto por falar do calvário, tema da nossa última mensagem.

À sombra da cruz, à sombra deste calvário, as almas, as almas encontram abrigo, encontram lugar de salvação.
Minha filha, minha filha, Jesus está aqui tal e qual como no Céu, tal e qual como na Eucaristia.
Estou aqui, sim, estou aqui para fazer desta sombra um maná vivificante, um maná que vive para o Céu, para Deus.
Eu quero, minha filha, sim, Eu quero fazer de ti a minha vida, a minha vida completa.
Eu quero que sejas das almas, que vivas para as almas.
Eu quero que as almas ao abrigo deste calvário se alimentem deste maná celeste, se cubram com esta sombra de salvação.
Vives de Mim e para Mim.
Eu quero que as almas vivam de ti, para por ti virem a Mim.
O que as almas recebem, de Mim o recebem. Tu és o canal das graças e da vida de Jesus. Tu és o porta-voz dos desejos de Jesus.
Eu quero que as almas venham sequiosas à Eucaristia.
É por ti, por este calvário que elas vêm.
Eu quero, Eu quero almas, muitas almas eucarísticas.
Eu quero almas, muitas almas a rodearem os sacrários, a voarem para Mim como as andorinhas em bando a voar para os seus ninhos.
Vive, vive, florinha eucarística, vive a minha vida, tu que vives do meu Corpo e do meu Sangue, tu que continuas a minha obra redentora, a minha obra de salvação.
Que pena, que pena, minha filha, o meu Coração sofre a indiferença de tantos, tantos corações!
O meu divino Coração sofre a insensibilidade dos homens.
Na hora presente, na hora gravíssima que passa a humanidade, pus neste calvário um meio de salvação.
Dei aos homens este calvário como prova do meu infinito amor.
Sofro porque não se aproveitam dele todos quantos o meu Divino Coração deseja. Sofro porque não correspondem a tão grande graça e prova de amor do meu Divino Coração.
Sentimentos da Alma, 16 de Janeiro de 1953
Reunindo as palavras que cada um destes anjos setecentistas anuncia, forma-se a frase "Homo panem angelorum manducat", 'O homem come o Pão dos Anjos' (Museu de Arte Sacra de Vila do Conde).