segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Uma fotografia antiga da Igreja Paroquial de Balasar

Construída nos anos de 1908 e 1909, a Igreja Paroquial de Balasar que a Beata Alexandrina conheceu, onde o P.e Mariano Pinho pregou e onde o P.e Leopoldino celebrou anos e anos a fio era como a vemos nesta fotografia.
Que diferença da actual! Belíssima a talha!
Sobre o sacrário, vê-se o baldaquino oferecido pela Alexandrina.
O P.e Humberto encantava-se com o painel do Bom Pastor.
Clique sobre a fotografia para a ver em tamanho maior.

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Jesus Cristo

Ao tempo em que a pequena Alexandrina frequentou a escola na Póvoa de Varzim - há 100 anos - havia um poeta de Aver-o-Mar, de nome Bernardino da Ponte, que justifica aqui uma referência: apesar de ser autodidacta, ele possuía uma sólida e diversificada cultura e deixou alguns poemas de tema religioso. Abaixo transcrevemos um dos melhores.
Recentemente colocámos em linha uma página com a informação relativa ao contexto político que se vivia em Balasar e nos arredores ao tempo da aparição da Santa Cruz.

Jesus Cristo

Meditações

I
Por entre agudos espinhos.
Duma sombrosa romagem,
Os mais dúlcidos carinhos
Marcaram sua passagem.

II
Embora grandes da terra,
Ciosos dos seus brasões,
Lhe movessem crua guerra
E o cobrissem de baldões,

III
A sua santa doutrina
Mais profícua se afirmou...
Foi como luz diamantina
Que o orbe todo inundou.

IV
Na senda cheia de cardos
Por onde passara ovante
Fez brotar preciosos nardos
Dum aroma inebriante.

V
Consagrado ao pensamento
De nos salvar e morrer,
Foi um milagre, um portento,
D'incomparável poder.

VI
A tragédia do Calvário,
Precedida de torpezas,
Abre-nos hoje um sacrário
D'inesgotáveis riquezas.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Meu Deus, quando poderei ver-Vos e amar-Vos?


O tempo não passa, a eternidade não chega. Não poderei, Jesus, ver ainda uns raiozinhos de luz, viver ainda entre os meus uns momentos de alegria?
Vontade santíssima do meu Deus, quero-te, amo-te com todo o coração e com toda a minha alma! Ando como um ladrão fugitivo a esconder-me de tudo e de todos. Mas mesmo assim mal posso aguentar a dor que me causa ver a distância que me separa de Jesus: Ele no Céu e eu na terra.
Meu Deus, quando poderei ver-Vos e amar-Vos? Secou em mim aquela fonte da qual nasciam em mim ânsias de Vos amar e possuir.
Beata Alexandrina

sábado, 19 de fevereiro de 2011

De cónego da Sé de Braga a Bispo Auxiliar do Porto


O cónego Deão da Sé de Braga e presidente do Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa, Pio Alves de Sousa, é o novo Bispo Auxiliar da Diocese do Porto, por nomeação do Papa Bento XVI, ontem tornada pública pela Nunciatura Apostólica. O agora D. Pio Alves de Sousa assume o título da Diocese Aquae Flaviae (Chaves) que é uma diocese histórica extinta. De acordo com a nota que escreveu para este dia, o novo prelado confessa que acolhe com surpresa e perplexidade a decisão do Santo Padre por implicar «recomeçar em várias frentes». Diário do Minho
Embora devam existir no Centro Regional de Braga da Universidade Católica Portuguesa muitas pessoas habilitadas para promover a edição crítica da obra da nossa Beata, pensamos que o cónego Pio Alves de Sousa era particularmente credenciado para a tarefa.

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Biografia da Beata Alexandrina em espanhol

Chegou ao nosso conhecimento que já foi publicada em espanhol a biografia da Beata Alexandrina, escrita pelo P.e Humberto, Alejandrina - Alma de Victima y de Apostol. Veja-se aqui (de facto encontra-se já à venda em várias livrarias).
Este livro corresponde aproximadamente a um que se vendeu muito tempo em Balasar, com o título de Sob o Céu de Balasar. Curioso é que em italiano ele exista quer com o título correspondente a "Sob o Céu de Balasar", quer com o título correspondente ao da publicação espanhola, "Alma de Vítima e de Apótolo".

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

O abade de Touguinhó, P.e Custódio José


O pároco de Touguinhó tinha grandes rendimentos e por isso a paróquia era cobiçada, como se deduz do célebre dito: "Em Touguinha estou, Tougues vejo, Touguinhó desejo". O abade Custódio José, que fora afoito miguelista, temendo a perseguição, em 1834, ausentou-se para a sua terra natal. Na versão dum ex-voto conservado no Museu Municipal da Póvoa de Varzim e feito em honra da Santa Cruz de Balasar, as coisas foram menos pacíficas: em 1834 (certamente em Julho), ele foi preso e puseram-no fora da sua abadia.
Em 1838, obteve autorização do Governo Civil para regressar a Touguinhó, mas o lugar estava ocupado pelo P.e Domingos da Soledade Silos (desde Agosto de 1837) – que tinha certa apetência por paróquias rendosas (em 1839 foi para a de Vila do Conde).
O P.e Custódio José só voltou à sua abadia em finais de 1840. Do seu antecessor e parente, herdara uma muito grande fortuna e, "apesar de ter desbaratado muito dinheiro na causa miguelista, ainda assim continuou rico bastante, como pároco de Touguinhó, para mandar fazer uma igreja nova, como prometeu (…) em 9 de Dezembro de 1930" (Silva Rodrigues).
De acordo com o inquérito de 1825, transcrito pelo P.e Franquelim N. Soares, Custódio José residia em Touguinhó desde há 23 anos e era "de bom porte e distintos costumes".
Vinte anos mais tarde, o Pe. Silos, no inquérito paroquial, depois de ter dito que o abade Custódio José tinha residido sempre em Touguinhó, "à excepção de seis anos, que esteve fora do benefício por ter dado donativos a D. Miguel, do qual foi sectário acérrimo", declara que a "sua conduta é boa, porque a sua idade e educação não o deixa ser mau".
Vindo de quem vem, isto é um notável elogio. Mas esqueceu-se de dizer que fora este abade que pagara a nova igreja paroquial e provavelmente também a grandiosa residência. Se é que não custeara antes a Ponte d’Este… pois quem a pagaria naquele ano de guerra civil que foi 1834? (a inscrição que se lê na ponte e que a dá como obra do Estado não é de fiar. Que Estado? O que D. Miguel liderava ou o que liderava o seu irmão D. Pedro? E a guerra absorvia-lhes todo o dinheiro, que era pouco).
Segundo o P.e Franquelim N. Soares, o testamento deste abade, feito em 21 de Outubro de 1852, é "impressionante pela enorme riqueza e caridade cristã e reflecte bem a espiritualidade do seu tempo".
Imagens:
Ex-voto de Bernardina Rosa à Santa Cruz de Balasar, que retrata o abade de Touguinhó.
Retábulo neoclássico da capela-mor da Igreja Paroquial de Touguinhó, que há-de espelhar a dedicação do abade Custódio José pela sua paróquia. A tela ao centro representa a Transfiguração; o orago é S. Salvador…
Fachada principal da mesma igreja, que o abade Custódio José construiu a expensas suas; data de 1842.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Os inquéritos do P.e Silos em 1845


Para se medir a dimensão do descalabro que reinava nas fileiras do clero nos anos próximos da aparição da Santa Cruz de Balasar, leia-se o que temos andado a apurar.

O reatamento de relações do governo liberal com a Santa Sé em 1841 não significou, por exemplo, a restauração das Ordens Religiosas (o que seria perfeitamente razoável), o afastamento de todos os que se tinham infiltrado irregularmente nas estruturas da hierarquia religiosa, daqueles que tinham sido autênticos algozes de pessoas inocentes. Deve-se ter feito o que as circunstâncias permitiam. Mas foi um alento novo em direcção às posições da verdade e da justiça: a hierarquia dependia agora sem ambiguidades da Santa Sé, párocos injustamente expulsos regressaram às suas paróquias. Todos? Não fazemos ideia.
Um homem como o arcipreste de Vila do Conde não deveria pelo menos ter sido afastado do cargo? Hoje isso para nós é claro, mas não foi de modo nenhum o que se passou; continuou a defender abertamente, agressivamente as suas posições divisionistas, cismáticas. E morreu muito conceituado, em 1855. Mas se até o Dr. Manuel Loureiro chegaria a bispo!...
Conta-se que a abadessa de Santa Clara de Vila do Conde, ao avistar a armada liberal no oceano terá sentenciado: “Aquilo vem dar cabo disto”. Realmente as intenções que moviam D. Pedro e os liberais não eram boas, como já se saberia e depois largamente se verificou.
Tanto quanto nos parece, a revolução liberal provocou uma situação mais grave que a que associamos à República, e que já foi gravíssima. As divisões entre o clero foram então muito mais profundas, as humilhações mais duradoiras. Nem faltou a tentativa de vergar os sacerdotes pela indigência.
Os inimigos eram os mesmos, os pedreiros-livres, e tinham o mesmo objectivo. Mas os liberais mantiveram a sua posição muito mais tempo.

A Palestra da Junqueira

Desde o século XVIII, os párocos e outros sacerdotes reuniam-se mensalmente para tratar temas de interesse da classe. A essas reuniões chamava-se palestras.
Sabendo-se quem era o P.e Silos e que ele era o arcipreste, não é de estranhar que tivesse colocado à frente delas gente da sua confiança.
Em 1845, na área do arciprestado de Vila do Conde e Póvoa de Varzim, as palestras eram cinco:
A de Amorim, presidida pelo pároco de Nabais, tinha como vice-presidente o pároco de Terroso e incluía, além de Amorim, Nabais, Estela, Terroso e Laundos.
A da Junqueira, presidida pelo pároco da Junqueira, tinha como vice-presidente o pároco de Bagunte e incluía Rates, Balasar, Arcos, Rio Mau, Bagunte, Outeiro, Parada e Santagões.
A de Touguinha, presidida pelo pároco de Touguinha, tinha como vice-presidente o pároco de Argivai e incluía Touguinha, Touguinhó, Beiriz, Argivai e Formariz.
Havia depois a de Vila do Conde e a da Póvoa de Varzim.

Servindo-nos principalmente dos inquéritos do P.e Silos, vejamos o que se passava na da Junqueira.
Nela tinha o arcipreste um homem da maior confiança, o P.e João Gomes da Silva. Já se viu como o P.e Silos o avaliava: “a sua conduta moral, civil e política é a melhor possível, e sempre o foi; e quanto aos livros estão no melhor estado”.
Ele fora vítima das perseguições de D. Miguel, desde 28 de Outubro de 1828 a 30 de Março de 1834, quando a vitória liberal estava à vista. Pode até ter estado preso.
Regressado ao seu posto, parece ter sido particularmente expedito a pôr ordem nos párocos da palestra.
O vice-presidente era o pároco de Bagunte, um recuperado para o liberalismo, que fora foi suspenso (certamente pelo próprio pároco da Junqueira), entre 1834 e 1838, por afecto ao realismo; mas, em 1845, “a sua conduta moral, religiosa e política agora é boa”.
Sendo assim bons o presidente e o vice-presidente, analisemos o que por lá se passou.
O pároco de Balasar esteve expulso sete anos, entre 1834 e 1841.
O pároco de Rates “foi suspenso em 1838 por cismático e realista e reintegrado em 1843”.
O de Rio Mau deixou de paroquiar em 1834 (provavelmente por ter sido expulso).
O de Arcos, houve ordem para o expulsar, mas ninguém o quis substituir.
Em Santagões, ter-se-á passado algo ainda mais grave: a freguesia foi anexada à Junqueira, o que pode ter correspondido a uma verdadeira vingança do presidente da palestra (o pároco de Santagões cessa a actividade no mês fatídico de Abril de 1834)[1].
Restam as pequenas paróquias do Outeiro Maior e Parada. Do pároco de Parada, que há poucos meses ocupava o lugar, afirma o P.e Silos “que tem boa conduta moral e civil, porque não sabe o que seja: na verdade é um nulo”.
Do do Outeiro Maior, diz que “a conduta moral, civil e política é boa porque não sabe o que isso é – na verdade é um perfeito idiota, mas bom cidadão”.
Pelo que conhecemos das actas da junta de paróquia do Outeiro Maior, a que este pároco presidiu, elas dão dele uma ideia muito favorável.
Nenhum pároco desta palestra terá sido poupado. E quais os crimes praticados? Ser desafecto a um regime que impusera um cisma à Igreja.
As infirmações que acabamos de reunir podem deixar de fora ainda factos relevantes: houve muitas mais humilhações, por exemplo, sobre sacerdotes que não eram párocos. Dum deles escreve o P.e Silos:

Foi um cismático acérrimo, e um realista atrevido – hoje é bom, por não poder ser mau; da sua conduta moral pouco poderei informar, contudo nada me consta; tem forças e aptidões para ser pároco, se por desgraça o nomearem.

Havia contudo uma palestra onde as coisas não agradavam ao arcipreste, era a de Touguinha. O vice-presidente, pároco de Argivai, destoava no rebanho. Ele arrasa-o assim: “a sua conduta moral é fanática, a civil mal criada, a política infame miguelino, cismático acérrimo”.
Mas não lhe bastou: propôs a supressão da freguesia: “o lugar de Quintela para Vila do conde, os lugares de Gandra e Calvos para Beiriz e o lugar de Cassapos para Touguinha”. Isto é que seria cortar o mal pela raiz.
Quanto a chamar mal criado ao pároco de Argivai, é caso para dizer: olha quem fala!
Não sabemos se o P.e Sacra Família teria alguma influência na atitude do pároco da sua terra.
Não analisámos o que se passou nas outras palestras, mas não se deve ter chegado aos extremos ocorridos na da Junqueira.

Na imagem: Porta axial do Mosteiro de S. Simão da Junqueira.


[1] Conhecemos o caso duma paróquia que foi anexada em 1834 e que mais adiante também recuperou a sua independência. Do pároco dessa paróquia, não temos nenhuma indicação de que não cumprisse com as suas obrigações; daquele que provocou a anexação, sabemos que era um constitucional exaltado, que chegou a ser preso sob D. Miguel. Foi morto em 1838.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

A cruz, a bondade e o sorriso


Continuamos a estudar o contexto concreto em que apareceu a Santa Cruz de Balasar e decorreram os primeiros e dificílimos anos que se seguiram. Está lá a cruz, de facto, mas a bondade mal se vê; vê-se mais a maldade, o vil interesse. E no entanto a cruz é a bondade, como sabemos e a nossa Beata sabia muito melhor que nós. Por isso ela devia sorrir, sorrir sempre. Havia de ser o seu sorriso que atraía as pessoas. Ela, a crucificada, era a bondade em pessoa:

No entanto, se realmente quer que eu sintetize, numa só palavra, aquilo que nela era mais convincente e a fazia aparecer aos nossos olhos como alma extraordinária, dir-lhe-ei que era a sua bondade. Ela era “a bondade em pessoa”. Era esta bondade que imediatamente nos levava a pensar em Deus e dava à Alexandrina a auréola de “alma extraordinária”. Pe. Humberto Pasquale

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Sobre a Santa Cruz de Balasar

António Pires de Azevedo Loureiro e
Manuel Pires de Azevedo Loureiro

A Carta de Sentença Cível de Património da Capela da Santa Cruz de Jesus Cristo colocada na freguesia de Santa Eulália de Balasar tem no final a assinatura de António Pires de Azevedo Loureiro. Mas este nome é muito parecido com o dum seu contemporâneo e de tenebrosa memória na Arquidiocese de Braga, que foi o vigário capitular Manuel Pires de Azevedo Loureiro. Tentámos saber a relação que existia entre os dois.
Ao falar de Moreira (Nelas), escreve-se na Wikipédia o seguinte:

Motivo de orgulho para os habitantes desta freguesia, é o nascimento em Moreira de Baixo de Manuel Pires de Azevedo Loureiro e António Pires de Azevedo Loureiro, figuras que se destacaram eclesiasticamente, tendo ambos sido bispos de Beja e estiveram envolvidos no cisma religioso de 1832-1842.

Embora se não afirme aqui que eram irmãos, deviam ser. O Manuel foi de facto bispo de Beja, mas o António não. Basta consultar a lista dos bispos daquela diocese.
Os historiadores da Igreja são muito duros com Manuel Loureiro e justamente. Vejam-se sobre ele alguns parágrafos de Fortunato de Almeida na História da Igreja em Portugal, vol. III:

Por carta régia de 2 de Abril de 1834 foi insinuado ao cabido [bracarense] que elegesse vigário capitular o Dr. Manuel Pires de Azevedo Loureiro [na altura nomeado pelo governo administrador temporal da diocese], prior da freguesia de Santo André de Lisboa, o qual efectivamente foi eleito no dia 15, apesar das observações feitas por alguns cónegos sobre a ilegitimidade de tal acto.
Loureiro ia precedido da fama, talvez adrede improvisada, de homem recto e probo; “mas ele – diz um contemporâneo – encobria, com a capa de bondade, as mais desordenadas e destruidoras bases da sã moral, como pouco tempo depois se fizera patente”. Era o mesmo Azevedo Loureiro que diversas vezes temos encontrado em nossa narrativa como instrumento cego do poder secular na invasão da esfera eclesiástica.
O governo de Loureiro de Azevedo em Braga foi uma série de prepotências e atropelos, em que nem ao menos se procurava salvar as aparências. No dia imediato àquele em que pela primeira vez entrou no paço arquiepiscopal, e antes de reunir o cabido para lhe conferir, embora contra direito, a jurisdição canónica, Loureiro chamou o secretário da câmara eclesiástica, Padre Custódio José de Araújo, a quem pediu todos os requerimentos que estivessem aguardando despacho. Poucas horas depois estavam expedidos todos os negócios pendentes. Suspendeu todos os clérigos que se tinham alistado no batalhão eclesiástico, e em seguida muitos outros por os considerar desafectos ao partido constitucional. Concedeu dispensas matrimoniais, sujeitas a multas a seu arbítrio impostas, e cujo produto se destinava a obras de beneficência, tudo em conformidade com os decretos de 1834. Em execução do decreto de 9 de Agosto de 1833, extinguiu os conventos de S. Frutuoso e Tibães.

Mais adiante, 23 de Dezembro de 1835, Manuel Loureiro coloca António Loureiro como seu substituto. Mas é um ano antes (19 de Dezembro de 1834) que se conclui a Carta de Sentença Cível de Património da Capela da Santa Cruz de Jesus Cristo colocada na freguesia de Santa Eulália de Balasar.
Manuel Loureiro tinha ainda um longo caminho até chegar… a Bispo de Beja, por três anos.

Na citação de Fortunato de Almeida falava-se do Batalhão Eclesiástico. Tratou-se dum batalhão composto de eclesiásticos, organizado por ordem do Vigário Capitular D. António da Cunha Reis, para manter a ordem em Braga, porque a força militar miguelista, à chegada das forças liberais, havia retirado para os acampamentos. Era comandante o Provisor do arcebispado e Arcediago de Barroso na Sé Primaz o Dr. José Firmino da Cunha Reis (Mons. José Augusto Ferreira).
De acordo com o P.e Silos, o pároco de Balasar Manuel José Gonçalves da Silva foi provido em 1833 e expulso em 1834. Como ele era muito jovem e Mestre de Moral em Braga, não é impossível que tenha sido também membro do Batalhão Eclesiástico. Mas pelo menos, quase de certeza, foi vítima dos saneamentos do vigário Manuel Loureiro. A data do último e único assento que ele escreveu nos livros de Balasar é contemporânea de tais saneamentos (30 de Abril de 1834). De facto o Mons. José Augusto Ferreira, ao referir os desmandos já assinalados por Fortunato de Almeida, nas suas Memórias para a História dum Cisma e nos Fastos Episcopais da Sé Primacial de Braga, menciona explicitamente “a demissão de muitos párocos e cónegos bem como a suspensão de outros".

Na imagem: Manuel Loureiro como bispo de Beja.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sobre a Sentença da Santa Cruz


O estudo dos párocos de Balasar permite ver mais claro alguns aspectos do importante documento que é a «Carta de Sentença Cível de Património da Capela da Santa Cruz de Jesus Cristo colocada na freguesia de Santa Eulália de Balasar», que começa a ser preparada em 1832, pouco depois do desembarque do Mindelo, e que só é concluída em 1834, após os Liberais se assenhorearem do poder.
O reitor António José de Azevedo, talvez por morte, deixa de paroquiar na segunda metade de 1832. Seguiu-se então um período em que o serviço era assegurado ou pelo cura ou por um sacerdote encomendado. Em 1833, é colocado como reitor o P.e Manuel José Gonçalves da Silva, que quase não chega a tomar conta do cargo e é expulso no ano seguinte, para só regressar em 1841. Durante esses anos esteve encarregue do serviço paroquial o P.e Domingos José de Abreu, encomendado que para ali viera antes da chegada do reitor expulso.
O reitor António José de Azevedo assina um decisivo documento da Sentença, datado de 6 de Agosto de 1832, e o P.e Domingos José de Abreu assina outro, de 1834.
Mas o que entretanto se passou na direcção da arquidiocese também merece atenção. Entre 1827 e 1843, Braga esteve sem arcebispo (sede vacante) e por isso era governada por um vigário capitular. Ora os Liberais colocaram lá um vigário ilegal, atropelando o direito canónico, à margem da obediência a Roma. Nesta conformidade, as primeiras diligências feitas em ordem à Sentença decorreram dentro da mais estrita legalidade, já as finais não.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Os mais antigos reitores de Balasar


A actual Balasar era, nos seus séculos XI e seguintes, constituída por duas paróquias, como aliás as suas vizinhas Gondifelos e Outeiro Maior. Havia Santa Eulália - primeiro de Lousadelo e depois de Balasar - e S. Salvador de Gresufes. Em 1430, o Arcebispo juntou Gresufes a Balasar, mas mais adiante elas separaram-se e Gresufes anexou a Gondifelos. Só em meados do séc. XVI é que as duas antigas paróquias se uniram definitivamente.
Da antiga Balasar, conhecem-se estes nomes de reitores:

Pedro Pais, pelas Inquirições de 1220 e 1258.
.
João da Fonte

João Fernandes

Lourenço Anes e

João Peres, dos tempos da anexação de Gresufes (1422-1457).

De João Fernandes há a curiosidade de ele ser analfabeto. Se calhar, seria apenas uma espécie de administrador da paróquia, deixando a algum coadjutor as tarefas propriamente sacerdotais.
Da antiga paróquia de Gresufes, chegaram até nós dois nomes de párocos:

João Gonçalves, do tempo das Inquirições de 1258, e

Gonçalo Durães (1422), do tempo da primeira anexação a Balasar.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Sites e páginas sobre a Beata Alexandrina


Arquidiocese de Braga: http://www.diocese-braga.pt/
Inglês (Irlanda): http://www.balasar.net/

Páginas:

Wikipédia:


Livros:

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Os reitores de Balasar no século XVII


Francisco Fernandes Borges

Os mais antigos registos paroquiais de Balasar que se conhecem vêm de 1622. Nalgumas paróquias conservam-se registos desde muito perto do final do Concílio de Trento e, em paróquias urbanas, até de antes.
O reitor Francisco Fernandes Borges é assim o primeiro nome que deles conhecemos e manteve-se à frente da paróquia até 1632. Em seu tempo, muitas vezes os serviços são feitos por outros sacerdotes e os livros estão mal escriturados. Quando o novo pároco tomou posse, ele ainda vivia.
O país ainda esperaria vários anos até se libertar dos Filipes.

João da Silva

O P.e João Silva foi reitor ao longo de 43 anos, de 1632 a 1675. Era pouco caligráfico, mas cuidadoso nos assentos.
É o pároco do tempo da Restauração e do período de guerra que se seguiu.

Silvestre da Costa Montalvão

Os assentos do reitor Silvestre da Costa Montalvão têm uma apresentação bonita; infelizmente não foi sacerdote modelar. Paroquiou a freguesia de 1676 a 1700, devendo por isso ter sido o informador do P.e Costa Carvalho para a sua Corografia Portuguesa.

Os reitores de Balasar no século XVIII


João da Silva

Nas três décadas iniciais do século – 1701-1731 – paroquiou a freguesia o P.e João Silva.
É o pároco do tempo dos antepassados recentes de D. Benta e da primeira parte do reinado de D. João V, com a vinda do ouro do Brasil.

António da Silva

A passagem do P.e António Silva pela reitoria de Blasar foi breve: 1733-36. Resigna em Novembro de 1736.

António da Silva e Sousa

António da Silva e Sousa esteve à frente da paróquia de Balasar quase 60 anos, de 1736-1792.
Decorreram em seu tempo profundas obras de restauro da igreja, redigiu as duas memórias paroquiais, ouviu os desacatos de Manuel Nunes Rodrigues, viu-o a erguer a sua capela da Lapa e viu os descendentes dele deixarem Balasar.
Paroquiou então na segunda parte do reinado do Magnânimo, sofreu com as prepotências do Marquês de Pombal e com o cisma que ele provocou e chegou ainda à viradeira. Foi em seu tempo que encerrou portas o Mosteiro da Junqueira.

José Gonçalves

O reitor José Gonçalves entra em 1794 e assina o último assento em 1821; o seu sucessor só foi colocado em 1823.
Não há-de ter tido vida sossegada este pároco: soube com certeza as notícias terríveis da Revolução Francesa, aconteceram depois as invasões napoleónicas e, no fim, os primeiros passos do liberalismo, com o seu grande desvairo.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Os reitores de Balasar no século XIX


José Gonçalves

O reitor José Gonçalves entra em 1794 e assina o último assento em 1821; o seu sucessor só é colocado em 1823.

António José de Azevedo

O reitor António José de Azevedo foi pároco de Novembro de 1823 a fins de Agosto de 1832, o tempo da renovação do Tombo da Comenda de Balasar (quase até ao fim), da aparição da Santa Cruz e do período politicamente quente que então se vivia.
A data do fim da sua actividade é um pouco suspeita. Terá ele sido vítima de expulsão logo após o desembarque do Mindelo?

Manuel José Gonçalves da Silva

De acordo com o P.e Silos, ao reitor António José de Azevedo sucedeu Manuel José Gonçalves da Silva. Mas, apesar de provido para reitor da freguesia, não deve ter chegado a tomar conta do lugar senão muito mais tarde, “por motivo ter sido mercê no tempo da usurpação” e talvez devido a ser mestre de Moral, em Braga. Se calhar também pertenceu ao batalhão eclesiástico… De facto, não se conhece nenhum registo paroquial com a sua assinatura antes de 1841, quando o governo liberal retoma as relações com a Santa Sé. O fim do cisma em Braga só se verificará em 1843, com a confirmação do arcebispo por Roma.
Como, em 1845, tinha 37 anos e fora provido para Balasar em 1833, teria nesta data 22.
A partir de 1841, ocupará o cargo até 1860, aos 52 anos.

Domingos José de Abreu

De fins de 1832 até à vinda do reitor Manuel José Gonçalves da Silva, paroquiou Balasar o P.e Domingos José de Abreu. Nunca assinou como reitor, reconhecendo porventura que a sua situação não era definitiva na paróquia. Por vezes assinava como coadjutor ou cura.
Durante o breve período que medeia entre a saída de Domingos José de Azevedo e a chegada dele, assegurou o serviço o cura António José da Silva, como encomendado.
Domingos José de Abreu é o pároco do tempo das obras da actual capela da Santa Cruz e do começo da Junta de Paróquia. Lidou muito de perto com Custódio José da Costa.
Em 1845, o P.e Domingos José de Abreu paroquiava Rio Mau.

António José Ferreira

Ao contrário dos seus antecessores, este pároco deve ter tido uma vida bastante sossegada. Paroquiou a freguesia entre 1860 e 1873, sob o regime da Regeneração, quando o país começou a modernizar as vias de comunicação (estradas e caminhos de ferro) e vivia numa democracia mais ou menos formal.

António Martins de Faria

Poeta e jornalista, António Martins de Faria esteve em Balasar entre 1873 e 1882; foi depois para Beiriz; chegou a ser arcipreste. Deixou dois livros de poemas, além do poemeto, também publicado, sobre Santa Eulália.

Manuel Fernandes de Sousa Campos

Veio para Balasar em 1885, como encomendado; só passou a assinar como pároco em meados de 1888.
É o pároco da construção da actual Igreja Paroquial, do baptismo da Alexandrina e dos tempos difíceis dos primeiros anos da República. Era natural de Balasar e faleceu em 1919.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Fundação “Alexandrina de Balasar”


Saiu um novo número do Boletim de Graças. A novidade de maior vulto que nele se encontra é a da criação da Fundação “Alexandrina de Balasar”.
Oxalá venha a cumprir as metas para que foi pensada.
Esta fundação já estava prevista há uns dois anos, quando foi anunciado que “entretanto, está em curso a constituição da Fundação Alexandrina de Balasar, uma entidade que vai gerir tudo o que esteja relacionado com a causa da devoção à Beata”.